Ética das virtudes
Para entender a ética temos, portanto, de entender o que torna alguém uma pessoa virtuosa, e Aristóteles, com olhar aguçado para os pormenores, dedica muito tempo a discutir virtudes particulares como a coragem, o autodomínio, a generosidade e a veracidade. Apesar desta forma de pensar sobre a ética estar estreitamente identificada com Aristóteles, não foi exclusiva dele. Sócrates, Platão e muitos outros pensadores antigos abordaram a ética perguntando: “Que traços de caráter tornam alguém uma boa pessoa?”. Em resultado disto, “as virtudes” desempenharam um papel central nas suas discussões. Os Gregos haviam encarado a razão como fonte da sabedoria prática — a vida virtuosa era, para eles, inseparável da vida racional. No entanto, com o correr do tempo, esta forma de pensar acabou por ser negligenciada.
No Renascimento, a filosofia moral começou a ser secularizada, mas os filósofos não regressaram à forma grega de pensar. Conceberam a lei moral (que brota da razão humana) um sistema de regras que especificava quais as ações são corretas. O nosso dever, como pessoas morais, é seguir as suas diretivas. Assim, os filósofos morais modernos abordavam o seu tema fazendo uma pergunta fundamentalmente diferente da feita pelos Antigos. Em vez de perguntar: “Que traços de caráter tornam uma pessoa boa?”, começavam por perguntar: “Qual é a coisa certa a fazer?”. Isto os empurrou numa direção diferente. Os moralistas modernos acabaram por não desenvolver uma teoria da virtude, mas do bem e obrigação morais.
Recentemente, alguns filósofos apresentaram uma idéia radical: defenderam que a filosofia moral