A ética de virtude em finanças
Dobson, buscando demonstrar o papel da ética em finanças, diz que “A teoria econômico-financeira promulgou seu tipo particular de hedonismo. Assumindo que a única motivação razoável para o comportamento humano é a maximização da riqueza pessoal, sancionou e promoveu tal comportamento entre a comunidade financeira.” (Dobson, 1993, p. 57). Sob esse prisma, diz que a ética em finanças tende a ser vista apenas dentro do rígido conceito da teoria financeira, e que, por isso, assume o papel ambíguo e subserviente de legitimar alguns objetivos materialistas. Afirma que a atual concepção de ética, como uma restrição ao comportamento, é ilógica, pois sanciona comportamentos não éticos se estes levarem a ganhos financeiros; nessa mesma linha de raciocínio, crítica os que afirmam que o comportamento ético é uma restrição necessária e desejável por manter o nível de confiança no mercado.
Partindo das observações acima, Dobson coloca que “por definição, a ética preocupa-se com as motivações para o comportamento humano. Não é possível determinar se um indivíduo é ético pela observação de suas ações, isto só pode ser determinado pela observação de suas motivações para aquelas ações.” (Dobson, 1993, p. 57). A partir disso, Dobson oferece uma abordagem baseada na ética da virtude; chama essas virtudes desejáveis de “bens internos”, os quais seriam o objetivo último de todo o esforço humano. É uma ética baseada no agente e que depende do bom julgamento moral do mesmo; deste modo a acumulação de riqueza pode então ser vista em um contexto mais balanceado, como uma função necessária dos mercados financeiros, mas não como o objetivo último de todo o esforço humano nesta ou em qualquer esfera. Os primeiros passos para essa mudança de paradigma seriam a teoria econômico-financeira reconhecer seu papel normativo e assumir explicitamente que motivos comportamentais outros, que não a maximização da riqueza, são ao mesmo tempo