ÉDIPO REI
A obra de Sófocles é uma das (senão a) obras mais famosas de toda a Grécia clássica. A maneira como conseguia envolver a filosofia e o teatro, a arte e o pensar em uma única grande metáfora literária para os males que acometiam e ainda acometem a humanidade.
Dentre toda sua vasta coleção de mais de 120 peças, Édipo Rei se enquadra como sendo uma das mais importantes e icônicas.
A tragédia do filho que mata o pai e se casa com a mãe serviu até como proposta da psicologia: a “síndrome de Édipo” – como é chamada – é a situação em que um filho procura nas parceiras algo parecido com a imagem da mãe.
O termo poderia ser considerado errôneo, já que na história de Sófocles, Édipo agiu sem saber o que estava fazendo, mas de qualquer forma, a procura nas parceiras por traços maternos também são inconscientes.
Este ponto do texto seria também, sobre outro prisma, a visão de que instintivamente todos os homens são iguais e capazes das mesmas coisas. Sófocles poderia ter tentado dizer que se não caímos no incesto é por uma questão social. Não saber que aquela era sua mãe fez Édipo manter a relação – sem preocupação, dificuldade ou culpa.
Cheia de encontros e desencontros a história seria também uma prova de que não se pode fugir do destino – crença absoluta do povo grego antigo, como a mitologia das “três deusas parcas” (que teciam e cortavam o fio da vida de todas as pessoas) nos prova – e um pouco além, pois a grande lição, como em todo bom conto, chega apenas no final:
Mais uma vez, estando distantes do julgamento popular, os reis condenam-se a si próprios. Jocasta comete suicídio, e, no caso de Édipo, quando descobre o crime (e a monstruosidade) que teria cometido, depois de ter matado o pai e casado com a própria mãe, em quem, inclusive, fez filhos, retira do corpo pendurado de Jocasta, dois broches de ouro, com os quais perfura os olhos. Essa é a grande metáfora da tragédia, que só passou a ter esse termo após a descoberta da verdade.