África, um continente sem história?
Uma imagem mais comum que temos da África é aquela de um continente misterioso, exótico, dominado por uma densa floresta hostil, povoada por negros com cultura próxima da pré-história. Tal visão se deu pela incapacidade dos europeus, marcados por uma cultura ocidental de economia de mercado e cristã, de não entenderem uma sociedade com valores e costumes próprios, diferente da européia. Assim consolidando-se uma série de preconceitos sobre o continente, trazendo-nos uma visão imperialista sobre a África. Tal visão foi denominada, pelo antropólogo CLAUDE LÉVI-STRAUSS como etnocêntrica.
Etnocentrismo: a própria maneira de pensar, ser, agir (povo ou sociedade) é melhor ou única, desconsiderando as concepções e valores produzidos por outros povos. É uma atitude ou disposição mental que utiliza suas próprias regras para julgar o outro diferente, considerando-o bárbaro ou atrasado. Tal recusa gera intolerância e xenofobia, e frequentemente ao racismo. Foi desta forma que muitos europeus viram a África, sempre baseado em seus valores. Tal etnocentrismo produziu uma visão da África como um continente rico, cheio de maravilhas, perigoso e habitado por povos capazes de grandes ingenuidades e barbarismos, movidos mais pela magia do que pela razão. Vimos muitos filmes mostrando uma África selvagem habitada por seres atrasados, como HATARI, Jim das Selvas, Tarzan. Enquanto que nos filmes de cowboys os invasores de terras e ladrões de gado são punidos e derrotados no final, na África tais invasores são celebrados como heróis. A forma que uma sociedade organiza a sua distribuição de bens que adquire ou possui revela muito de seu caráter, valores e costumes. A África negra, todo seu sistema social estava baseado nas esferas de reciprocidade e da distribuição, como forma de garantir a integridade da redistribuição, através das linhas de parentesco (os produtores, a maioria dos jovens e anciões). Enquanto em nossa sociedade