O Utilitarismo em J
Bruna Gonçalves Moura2
O pensamento utilitarista clássico tem como marco inicial o livro An Introduction to the Principles of Morals and Legislation, de Jeremy Bentham. O autor parte da premissa de que a natureza humana é governada por dois aspectos principais: a dor e o prazer.
[A] natureza humana colocou a humanidade sob o governo de dois senhores soberanos, a dor e a o prazer. Apenas eles são responsáveis por indicar o que nós deveríamos fazer, bem como determinar o que nós vamos fazer. Está sujeito ao seu domínio, por um lado, determinar o certo e o errado, por outro lado, indicar as causas e os efeitos. Eles nos governam em tudo que fazemos, em tudo o que dizemos, em tudo o que pensamos [...]. (BENTHAM, 1781, p. 14, tradução nossa3).
Aumentar o prazer e diminuir a dor seria o ponto de partida para toda ação humana que objetiva promover a felicidade. De acordo com Bentham, a utilidade significaria o interesse da comunidade em produzir benefícios, vantagens, prazeres e felicidades intensamente, ao mesmo tempo em que se procura reduzir ao máximo a dor, o sofrimento e a infelicidade. (BENTHAM, 1781, p. 15). O princípio da utilidade como descrito por Bentham é considerado a máxima do pensamento utilitarista.
É importante ressaltar que o cálculo da felicidade para esse autor envolve a concepção de que todos os indivíduos são capazes de sentir prazer e dor, independentemente das suas capacidades intelectuais. A argumentação que emerge é como certa decisão política é moralmente correta quando capaz de aumentar o prazer e reduzir a dor da maioria das pessoas envolvidas naquele processo. (ARAÚJO, 2006). Como colocado por Pedro Galvão (2005), autor do prefácio de uma das edições do livro Utiliarismo, de John Stuart Mill, isso significa que, segundo Bentham, o valor dos prazeres dependeria exclusivamente da sua duração e intensidade, ou seja, a utilidade enquanto elevação do