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(Lisboa: Plátano, 2006)
Problema 3: A fundamentação da moral
Qual é o fundamento da moral? A moral (ou ética) diz‐nos como devemos viver, ou o que temos de fazer para ter uma vida boa. Mas o que é realmente o bem? Há muitas coisas boas, evidentemente; mas haverá algo que possamos reconhecer que é um bem tão fundamental que todos os outros bens resultam de algum modo dele? O que poderá ser tal coisa?
E como devemos agir? Que princípio ou princípios fundamentais devem orientar a nossa ação? Quando dizemos que uma ação é correta e outra incorreta, qual é realmente a diferença entre as duas? Que critério nos permite dizer que uma é correta e a outra não?
Perguntar pelo fundamento da moral é procurar saber duas coisas:
1. Qual é o bem último?
2. O que faz uma ação ser correta?
Por “bem último” entende‐se o bem do qual os outros bens dependem. Por exemplo, o dinhei‐ ro não é um bem último, dado que só é um bem porque permite adquirir outros bens.
Immanuel Kant e J. S. Mill respondem de maneiras diferentes a estes problemas. O primei‐ ro defende uma ética deontológica; o segundo, uma ética utilitarista.
Ética deontológica de Kant:
a) O bem último é a vontade boa;
b) Cumprir o imperativo categórico é o que faz uma ação ser correta.
Ética utilitarista de Mill:
a) O bem último é a felicidade;
b) Produzir a maior felicidade para o maior número é o que faz uma ação ser correta.
A ética deontológica é não consequencialista porque nega que a única coisa que conta para uma ação ser correta são as suas consequências. A ética utilitarista é consequencialista porque a única coisa que conta para uma ação ser correta são as suas consequências.
O termo “deontologia” é formado a partir do grego déon, que significa dever, e logia, que significa ciência ou discurso.
Defesa da ética deontológica
No texto seguinte,