O trabalho no espaço da fabrica
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Gilberto Cunha Franca é doutorando em Geografia Humana pela USP (Universidade de São Paulo) e membro do PSOL (Partido do Socialismo e Liberdade). Ele é um dos autores da Coleção “Trabalho e Emancipação”, da Editora Expressão Popular. Recentemente a editora lançou o seu livro, O Trabalho no Espaço da Fábrica – Um estudo da General Motors em São José dos Campos (SP). A entrevista com Gilberto Cunha Franca dá prosseguimento à série que a coluna Debate Sindical está fazendo com os autores que participam do “Trabalho e Emancipação”. Franca faz uma avaliação fria sobre as recentes mudanças no Mundo do Trabalho. Ele fala das novas formas de exploração: se antes o “chicote” era empunhado pelos encarregados, típico do sistema taylorista; hoje o “chicote” está nas mãos dos próprios trabalhadores. E sentencia: “estes, muitas vezes, tornaram-se déspotas de si mesmo”. Para o autor, nem CUT nem Força Sindical – por razões diferentes, é claro – serão responsáveis por uma recomposição da centralidade política e social da classe trabalhadora. Apesar da análise, que não poupa os atuais “atores” do movimento sindical brasileiro, o autor está longe do pessimismo barato. Ao contrário, o livro da editora Expressão Popular se impõe para tantos que entendem o sistema atual desumano e injusto e acreditam ainda na classe trabalhadora para grandes transformações, grandes revoluções. Debate Sindical - Qual o impacto que você destacaria como um dos mais importantes da reestruturação produtiva no mundo do trabalho?
Gilberto Cunha Franca - Eu destacaria de imediato a fragmentação social e política da classe trabalhadora. Dentro e fora do local de trabalho, o que se percebe é uma maior segmentação dos trabalhadores em efetivos, temporários, terceirizados, quarteirizados, além, é claro, do crescente contingente de desempregados. Esta fragmentação social condiciona e é condicionada diretamente pela fragmentação política do mundo do trabalho: ficou mais difícil unificar os interesses dos