O trabalho na colônia
I
Vemos que a distribuição populacional antes da chegada dos europeus ao que viria a ser chamada de América Latina foi de extrema importância para as necessidades da colônia (o trabalho) do ponto de vista étnico (raça). O Brasil nunca possuiu grandes quantidades de autóctones no momento do primeiro contato com o homem branco, como vemos na Mesoamérica ou Zona Andina Central (os Incas e Astecas, por exemplo). Com base em poucos documentos Warren Dean propôs para a costa do Rio de Janeiro e São Paulo, no século XVI, uma densidade média de 9 hab./km2 em 1500, e estes vivam da pesca, caça, e agricultura. Essa falta de mão-de-obra, digamos assim, devido a essa baixa concentração demográfica, influenciou na questão do trabalho na colônia. Também influenciou sob o ponto de vista de “qualidade” para o trabalho, o modo de vida do autóctone, se comparado com o trabalho do negro. O índio não possuía nenhum antecedente de trabalho intensivo na agricultura, ou seja, seu modo de vida era produzir somente para sua subsistência. Eis ai a explicação da resistência indígena a imposição de um trabalho contínuo forçado pelo europeu. O trabalho na agricultura era predominantemente feminino, o homem somente abria clareiras, por isso o indígena masculino foi tachado de preguiçoso, se comparado a forma de trabalho do africano. Mas mesmo essa pouca densidade demográfica não livrou a população indígena da dizimação. Muitos foram os fatores: a concentração forçosa de índios em aldeias, facilitando o alastramento de epidemias, a destruição de seu sistema sócio-cultural, levando-o a apatia, o desenraizamento através do tráfico para o litoral. Baixa densidade demográfica, catástrofe demográfica como na costa brasileira: fatores essenciais para entender o porque da troca de mão –de –obra indígena pela africana, quanto a população e o modo de trabalho. O trafico africano, que aqui desembarcou milhares de cativos, é difícil de calcular, mas estima-se em 2,5 milhões