O terapeuta

ANÁLISE DO QUADRO “O TERAPEUTA” DE MAGRITTE ATRAVÉS DOS PRESSUPOSTOS DA DASEINANÁLISE

A Daseinanálise, também denominada Análise Existencial ou Análise do Dasein foi introduzida por Binswanger e recebeu influência predominante da filosofia de Heidegger. De acordo com Boss (1979), a Daseinanálise permite a compreensão de como o paciente vivencia o seu-mundo, de como se expressam suas escolhas, buscando promover um maior autoconhecimento, autonomia em relação às suas capacidades e potencialidades (Teixeira, 2006). A existência humana é concebida pela Daseinanálise como uma abertura transparente e estendida, em espaço e tempo, para tudo que vem ao seu encontro no mundo; a essência do existir humano está relacionada à sua possibilidade de poder ver e experenciar aquilo que se oferece a ele, e manter através desse encontro uma livre relação. A forma com que essa relação vai se expressar é peculiar e diversa; mesmo a indiferença já denota uma relação (Mattar e Sá, 2008). O personagem do quadro de René Magritte – O terapeuta- foi expresso numa atitude receptiva, de forma a manter um encontro genuíno com o receptor da imagem; ela não traz em si o rosto desse terapeuta, característica das pinturas de Magritte, mas em seu lugar há a presença de uma capa vermelha e de uma gaiola aberta, com pássaros, que denota clareza e proximidade. O ser-aí humano está sempre em conexão com o outro, nunca é um sujeito individual que se resume a si e nessa coexistência contribuem mutuamente - cada um de acordo com seu modo de “ser-no-mundo-com-o-outro” - para manter aberto esse encontro. De acordo com Boss (1976), a prática terapêutica dessa abordagem está permeada pelo respeito incondicional ao caráter próprio dos fenômenos do existir humano expresso pela seriedade e aceitação daquilo que são enquanto tais (Mattar e Sá, 2008). “O terapeuta” aparece carregando de um lado sua bagagem, interpretada como sua teoria, técnicas, sentimentos e história de