O tempo que tempo tem
Ontem eu acordei sentindo-me ridiculamente velho. Entenda, eu nunca encarei a ideia de envelhecer como uma coisa ruim, mas algo me incomodava este ano, e admito que precisei refletir por algum tempo até finalmente descobrir o que era.
Eu estava assustado.
Eu estava com medo de naquela noite me deitar com 22 anos e pela manhã acordar com 80 e perceber que não havia concluído absolutamente nada que eu sempre planejei fazer. E quando digo nada, eu NÃO me refiro ao arroz com feijão que o mundo recita avidamente como se fosse um mantra: “arranje um bom emprego, ganhe dinheiro, se case, tenha uma família, um cachorro, um gato e um periquito”. Essas coisas são parte do plano, mas a parte menor de tantas possibilidades e ambições. E pensar que as peças fundamentais para tais objetivos ainda estão na metade do caminho, me deixou um tanto quanto deprimido.
E foi em meio a tantas reflexões que o dia foi passando e a cada vez que alguém me dava parabéns e desejava felicidades, por mais sinceros que fossem, e eu sei que eram, eu não conseguia deixar de pensar: “mas parabéns pelo que? O que diabos eu fiz para merecer parabéns além de simplesmente existir, de ser parte de uma estatística, de ser um ponto perdido na eternidade?”. E inevitavelmente o meu humor despencava um pouco mais.
Qual não foi minha surpresa (surpresa sim, pois as bermudas não me deixam mentir) quando um bando de amalucados bípedes semi descerebrados brotou em minha sala, sabe-se lá de onde, e deu um significado totalmente diferente ao meu dia. Eu simplesmente não acreditava que aquelas pessoas haviam empenhado horas do seu dia em prol de tamanha artimanha, e mais dificilmente ainda que fosse por minha causa. E então me lembrei de uma frase de um sábio “Doctor” que dizia:
“Não existe em todo o universo algo como uma pessoa que