O tempo

O tempo

Andre Comte-Sponville começa o capítulo com uma colocação de Santo Agostinho a respeito do tempo: “Se ninguém me pergunta, eu sei; mas se me perguntam e eu quiser explicar, então já não sei”. Todos sabem que existe o tempo, porém ninguém saberia dizer precisamente o que ele é. Passado, presente e futuro; estes são os três espaços do tempo, fazendo-o sempre estar em continuidade e transitoriedade no percurso da história humana.
Por ser sempre contínuo é impossível parar o tempo, ou ele é transcorre ou ele cessa. O antes e o depois são derivas do tempo, pois só podem existir dentro dele. Assim, as próprias noções de “para sempre” e “fim” estão contidas dentro do tempo e restritas a ele.
Dos três espaços de tempo (passado, presente e futuro), apenas o presente que existe de concreto, pois ele é aquilo que é. O passado, por ser algo que existe apenas na lembrança/memória do homem, já se foi; o futuro por ser algo que está por vir, porém não existe concretamente (virtual), ou seja, é aquilo eu será.
O passado, por ser algo que já se foi; nunca poderá ser retomando no presente sem ser por meio da memória ou da lembrança. É o que acontece com fatos ocorridos na infância, que sempre lembramos em conversar com amigos, por exemplo. De fato houve uma retomada do passado, entretanto, de maneira virtual e não real. O passado foi evocado, por meio da memória e isso o manterá vivo, caso ela sempre seja relembrada. Porém, muitos momentos de nossas vidas são esquecidos, seja porque eles não apresentaram tanta importância ou não nos deixaram marcados. Assim, o passado cai no esquecimento e desaparece de nossas vidas; ele deixa de existir em nossa memória e se perderá.
Mesmo que esquecidos, fatos que ocorreram no passado, continuarão tidos como fatos verdadeiros, o tempo em que eles aconteceram pode ter ido embora e se perdido, entretanto a verossimilhança de que eles aconteceram continuará existindo. É o que ocorreu com as Grandes Guerras, por exemplo, as pessoas que