O tempo da Fronteira
Tempo Social; Rev. Sociol. fronteira. Retorno à controvérsia sobre o 1996.
A R T I G O e da frente pioneira. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 8(1): 25-70, maio de 1996.
O tempo da fronteira retorno à controvérsia sobre o tempo histórico da frente de expansão e da frente pioneira
JOSÉ DE SOUZA MARTINS
RESUMO: O tema da fronteira é um tema recorrente na literatura brasileira de Ciências Sociais. Apesar das tentativas de alguns antropólogos de importar as idéias que F. Turner desenvolveu para explicar o deslocamento da fronteira nos Estados Unidos, e que tratam da influência da fronteira na formação do caráter nacional americano, essas idéias, a rigor, não se aplicam no caso brasileiro. Geógrafos e antropólogos, entre os anos 30 e 50, realizaram pesquisas de campo que se tornaram essenciais para uma concepção sociológica da fronteira enraizada no que há de historicamente singular e sociologicamente relevante no caso brasileiro. É a partir dessas referências que o autor formula a sua tese de que a fronteira é, simultaneamente, lugar da alteridade e expressão da contemporaneidade dos tempos históricos. A unidade do diverso, pressuposto metodológico da dialética, encontra aí o lugar mais adequado e mais rico para a investigação científica. C
om razão observa Alistair Hennessy que as sociedades latino-americanas ainda estão no estágio da fronteira (Hennessy,
1978, p. 3). Ainda se encontram naquele estágio de sua história em que as relações sociais e políticas estão, de certo modo, marcadas pelo movimento de expansão demográfica sobre terras “não ocupadas” ou
“insuficientemente” ocupadas. Na América Latina, a última grande fronteira é a Amazônia, em particular a Amazônia brasileira, como assinalou Foweraker
(1982, p. 11), ou “última fronteira terrestre que desafia a tecnologia moderna”,
UNITERMOS: fronteira, tempo