Resenha O tempo da fronteira : retorno à controvérsia sobre o tempo histórico da frente de expansão e da frente pioneira
José de Souza Martins - O tempo da fronteira : retorno à controvérsia sobre o tempo histórico da frente de expansão e da frente pioneira
Como o próprio nome já explica, o artigo de MARTINS, publicado no ano de 1996 na revista
Tempo Social, se propõe a acompanhar a evolução, ao longo da história, da utilização de dois termos empregados para explicar a situação de fronteira, mais especificamente na Amazônia brasileira: frente de expansão e frente pioneira.
O autor concorda com HENNESSY (1978) ao apontar que “as sociedades latino-americanas ainda estão no estágio de fronteira” (pag.25); e compartilha com FOWERAKER (1982) da opinião de que a
Amazônia brasileira “é a última fronteira terrestre que desafia a tecnologia moderna” (pag.25). Deve ser por essa razão que o autor se debruça no estudo dessa realidade específica de fronteira sem deixar de fazer diálogos com outras realidades.
Desde o princípio do texto, MARTINS já introduz seu método de análise característico, ao apontar o elemento da contradição como intrínseco à história recente do deslocamento de fronteira: ao mesmo tempo em que é uma história de destruição, é também, “uma história de resistência, de revolta, de protesto, de sonho e de esperança” (pag.26).
No Brasil, o autor afirma que o aspecto mais relevante para caracterizar e definir uma fronteira, é a situação de conflito social, por ser tanto o local de encontro entre desconhecidos grupos situados de maneira diversa no tempo da história e, também, o local de desencontro dos interesses distintos apresentados pelos diversos grupos, bem como pelas diferentes concepções de vida e visões de mundo que cada um possui. Para MARTINS, apenas o desaparecimento da situação de conflito social gerado por estas contradições, é que extinguiria a fronteira (pag.27). No entanto, o conflito social é uma característica encontrada majoritariamente nos episódios da história contemporânea de fronteira no
Brasil, ainda