Arte cinética: sem fronteiras de tempo e espaço.
A arte cinética teve entre seus precursores representantes brasileiros que ainda hoje, octogenários, desenvolvem trabalhos inventivos feitos de luz e movimento.
O grau de criatividade de artistas como Abraham Palatnik, Almir Mavignier, Mary Vieira, Waldemar Cordeiro e Lygia Clark faz com que a história da arte cinética universal esteja ligada inextricavelmente ao que se produziu no Brasil e na América Latina na década de 1950. O protagonismo latino-americano nesta corrente artística, que trocou pincéis e tintas por luz e movimento e que impulsionaria toda uma vertente que hoje se utiliza de recursos tecnológicos, transparece com nitidez em retrospectivas recentes – uma delas é a monumental Dynamo – Um século de luz e movimento na arte, 1913-2013, encerrada em julho no Grand Palais, em Paris, que exibiu obras de 150 artistas ligados ao cinetismo, entre eles, o cearense Sérvulo Esmeraldo, o argentino Julio Le Parc e o venezuelano Jesús Rafael Soto.
No Brasil, mostras relacionadas à arte cinética ocuparam recentemente espaços culturais importantes. No Rio de Janeiro, a Galeria de Arte Ipanema apresenta obras de 30 artistas representativos em Cinéticos: Arte em Movimento e a Pinakotheke Cultural abriga uma individual de Sérvulo Esmeraldo. Em São Paulo, uma mostra com obras de Waldemar Cordeiro ocupa vários andares do Itaú Cultural. E, em Curitiba, o Museu Oscar Niemeyer exibeZERO, uma realização do Goethe-Institut que integra a Temporada Alemanha + Brasil 2013-2014 e traça paralelos entre obras de artistas do grupo alemão Zero e de latino-americanos do mesmo período.
Interseção entre arte e cinência
O potiguar de origem judaica Abraham Palatnik, de 85 anos – que recentemente foi tema de mostra no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília –, está entre os pioneiros da arte cinética universal. Seu famosoAparelho Cinecromático, assim batizado pelo crítico Mario Pedrosa, foi inicialmente recusado na primeira edição