O Semeador e o Ladrilhador

Sérgio Buarque de Holanda analisa a colonização espanhola e portuguesa na América, através de uma metáfora entre um semeador e um ladrilhador. O semeador representa os portugueses que ao chegar apenas jogavam suas sementes, sem o intuito de colonizar, mas no sentido de desenvolver a colônia, tratava a terra apenas como um lugar de exploração, de passagem, sem investimentos com a infraestrutura, por isso a cidade crescia de forma desordenada. O ladrilhador seriam os espanhóis, que, ao contrario dos portugueses, queriam fazer do país ocupado um prolongamento do seu, eram mais zelosos e minuciosos.
A colonização portuguesa foi litorânea e tropical, devido à facilidade para o escoamento do fruto de sua exploração. A colônia era um simples lugar de passagem, tanto para o governo como para os súditos, era uma forma de enriquecer rápido, para voltar e desfrutar dos prazeres do Reino. O esforço dos portugueses distingue-se pela predominância de seu caráter de exploração comercial. Os portugueses criavam todas as dificuldades às entradas no interior do país, receosos de que com isso se despovoasse a marinha. Os portugueses permitiam o livre acesso de estrangeiros na sua colônia, em que podiam trabalhar na mesma. O descobrimento das minas, principalmente de diamantes foi o que determinou finalmente Portugal a pôr um pouco mais de ordem em sua colônia com o objetivo de desfrutarem, sem maior trabalho, dos benefícios.
A colonização espanhola caracterizou-se pela criação de grandes núcleos de povoação estáveis e bem ordenados. Um zelo minucioso e previdente foram as características da fundação das cidades espanholas na América. Os espanhóis mostraram maior empenho na obra colonizadora, tinham necessidade de impor suas leis e costumes. Ao contrário dos portugueses, os espanhóis tinham receio em receber os estrangeiros, pois temiam que eles interferissem na pregação de sua cultura na colônia. Na arquitetura a diferença é ainda maior. Os espanhóis iniciavam suas cidades a