Fichamento O Semeador e o Ladrilhador
HOLANDA, Chico Buarque. O Semeador e o Ladrilhador. Brasil, 1936.
“A ordem que aceita não é a que compõem os homens com trabalho, mas a que fazem com desleixo e certa liberdade; a ordem do semeador, não a do ladrilhador.” (p. 116)
Sergio Buarque de Holanda analisa a colonização espanhola e portuguesa da América através de uma analogia entre um semeador e um ladrilhador. O semeador representa o colonizador português que, ao chegar ao Brasil, não demonstra esforços de colonização no sentido de desenvolver na colônia uma extensão do império português. Trata-se apenas de um local para exploração, de passagem, sem grandes necessidades de investimentos ou desenvolvimento de infraestrutura. O ladrilhador, no entanto, é aquele que preza pela organização, pelo belo, e que valoriza o que conquista (o caso dos espanhóis).
“Para muitas nações conquistadoras, a construção de cidades foi o mais decisivo instrumento de dominação que conheceram.” (p. 95)
“Em nosso próprio continente a colonização espanhola caracterizou-se largamente pelo que faltou à portuguesa: por uma aplicação mais insistente em assegurar o predomínio militar, econômico e político da metrópole sobre as terras conquistadas, mediante a criação de grandes núcleos de povoação estáveis e bem ordenados. Um zelo minucioso e previdente dirigiu a fundação das cidades espanholas na América.” (p. 95-96)
Classificado por Max Weber como o recurso mais duradouro e eficiente de dominação, os espanhóis mostram-se, mais do que os portugueses, preparados para colonizar e evoluir. E a primeira mostra disso são as criações das universidades, que surgem nas civilizações espanholas por volta de 1538, enquanto que os portugueses criaram as suas apenas no final do século XIX.
“(...) O próprio traçado dos centros urbanos na América espanhola denuncia o esforço determinado de vencer e retificar a fantasia caprichosa da paisagem agreste: é um ato definido da vontade humana.” (p. 96)
“O traço