O queijo e os vermes de Ginzburg

O queijo e os vermes de Ginzburg

Luiz Fernando Perondi Hanauer1

GINZBURG, C. O Queijo e Os Vermes. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. Carlo Ginzburg, Historiador e Antropólogo italiano, nascido no dia 15 de abril de 1939 na cidade de Turim, Itália, é um dos principais nomes da Microhistória. Em seus estudos sobre a Inquisição, Ginzburg resgata o processo de Domenico Scandella, e lhe chama a atenção ao ler, “Eu disse que segundo meu pensamento e crença tudo era um caos, isto é, terra, ar, água e fogo juntos, e de todo aquele volume em movimento se formou uma massa, do mesmo modo como o queijo é feito do leite, e do qual surgem os vermes, e esses foram os anjos.”(p.36). Não sendo relacionado a sua pesquisa, mas lhe chamando a atenção, Ginzburg deixa de lado, no momento, mas um tempo depois começa seus estudos sobre Domenico Scandella, e seus pretenciosos pensamentos de uma pessoa simples, pobre que morava em um pacato vilarejo e ao que tudo indica sem relações com os anabatistas ou mesmo os protestantes. Em seu livro O queijo e os vermes, conta a história de Domenico Scandella, nascido em 1532 na aldeia de Friuli, em Montereale. Domenico, conhecido por Menocchio, viverá em um período um tanto quanto conturbado, pois existiam tantas curiosidades, tantas perguntas para serem respondidas. Ainda mais para Menocchio, que sabia ler e escrever, desenvolvendo seu senso critico, e ao mesmo tempo sendo perseguido pela Santa Inquisição, que em pleno século XVI, período da Reforma Protestante e difusão da imprensa tinha um acirrado controle sobre o pensamento alheio. Menocchio era moleiro, tinha uma boa relação com as pessoas de Friuli e arredores, porém, era muito conhecido por sua “língua solta”, não poupava palavras contra a igreja. Embora, já tenha sido magistrado da aldeia e administrador da paróquia. Em 28 de setembro de 1583 foi denunciado ao Santo Ofício, sendo acusado de difamar a igreja com palavras “heréticas e totalmente ímpias” sobre Cristo.