o que e religiao
No livro “O que é religião?”, o autor Rubem Alves se propõe a fazer essa pergunta a sociólogos, psicólogos e filósofos, utilizando citações e estudos dos mesmos e analisando também o contexto histórico de cada fonte. A opinião do autor permanece oculta na obra, que serve como instrumento para ouvir o que aqueles estudiosos teriam a dizer, mesmo sendo diferente daquilo que o próprio autor pensava.
Abordando a tese de Albert Camus de que “O homem é a única criatura que se recusa a ser o que ele é.”, Rubem Alves constata que a cultura só se inicia no momento em que o corpo deixa de dar ordens, pois o homem é um ser de desejo. E desejo é sintoma de privação, de ausência.
Em sua inquietação, o homem produz a sua cultura, que cria o objeto desejado na busca de encontrar um mundo que possa ser amado. A cultura, porém, é apenas o desejo externo em meio a sua ausência e, enquanto esse desejo não é alcançado, resta cantá-lo, dizê-lo, celebrá-lo. Nos pontos em que a cultura fracassa, brota o símbolo, testemunha das coisas ainda ausentes e surge a religião, formada por símbolos de ausência. É uma rede de desejos, uma tentativa de transubstanciar a natureza.
Os símbolos sagrados são mecanismos que o homem construiu para exorcizar o medo. Nenhum fato, coisa ou gesto é encontrado já com as marcas do sagrado. Coisas e gestos se tornam religiosos quando os homens os batizam como tais. É o que o autor chama de coisificação. De tanto estes símbolos sagrados criados pelo homem serem repetidos, nós passamos a tratá-los como coisas.
Durante a Idade Média, os símbolos adquiriram uma concretude que faziam com que o mundo invisível estivesse mais próximo e tudo girava em torno de uma temática: o drama da salvação, o perigo do inferno, a caridade de Deus levando aos céus as almas puras. Tudo tinha um propósito definido, o que determinou a pergunta fundamental a que a ciência medieval se propunha: “Para quê?”. A partir de tais indagações, uma classe social corroeu