O problema do eu transcendental em sartre
Pretendo demonstrar nessa dissertação que afirmar que o eu é um objeto constituído não serve de base para negar-se a ideia de eu puro, que o eu como objeto constituído é uma noção distinta da noção de eu puro, e portanto, a negação de uma não implicará na negação da outra. Por fim, tentarei mostrar que através da redução fenomenológica não é possível afirmar se há ou não há o “eu puro”, e portanto, ela não dará base para Sartre afirmar que a consciência é um vazio.
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Na T.E. Sartre aplicará a redução fenomenológica à noção de eu, conseguindo provar que esta noção é na verdade um objeto transcendente constituído pela consciência. Revelará que o eu não é uma característica intrínseca da consciência, mas é uma posteriormente atribuído pela reflexão ao fluxo irrefletido da consciência.
O aplicação do método fenomenológico deixará evidente que a noção de eu se trata da síntese de uma multiplicidade de fenômenos completamente isolados . Os estados psíquicos, as ações e a personalidade desse eu mostrar-se-ão sínteses pouco ou muito elaboradas e abrangentes, e não qualidades de uma consciência pessoal. Ficará claro que essa noção de eu é uma síntese reflexiva composta gradualmente a partir dos múltiplos fenômenos, constituindo um objeto que depois passaremos a chamar de eu e a ilusoriamente considerar parte integrante da consciência.
Sartre deixou claro que o eu pessoal , com sua personalidade e seus estados é uma síntese que pode ser desmontada e reduzida à fenômenos distintos e separados no espaço e no tempo, que no campo da evidência pura livre dos