O Problema De Molyneux
Em 7 de julho de 1688, William Molyneux escreveu uma carta a John Locke, apresentando-lhe um problema. Jonh Locke desenvolveu e apresentou o problema na segunda edição do seu Ensaio.
Esse problema ficou conhecido como o problema de Molyneux. A essência do problema é a conexão entre o que percebemos por meio de um sentido, o tato, e o que percebemos por meio de outro sentido, a visão.
Ampliemos a abordagem do problema. O cego que recupera a visão pode transferir para o domínio visual o conhecimento adquirido pelo tato? Pode este homem saber a diferença das formas de um globo para um cubo olhando-os pela primeira vez? A percepção do espaço é inata ou adquirida?
O olho não percebe distância nem movimento, ele somente percebe a direção dos objetos pela luz que reflete deles. Estudos comprovam que não recebemos da visão nenhuma ideia de espaço, apenas ideias da inclinação de direções dos objetos. A percepção do espaço não é inata, é necessário analisa-lo e estuda-lo.
A capacidade do ser humano de ser afetado por objetos precede qualquer experiência, essa capacidade permite que as impressões fornecidas pelas sensações visuais nos causem intuições a partir de reflexões. Porém, por vezes, só a intuição não basta para o entendimento completo de um objeto. Seria necessária a utilização do tato e da visão em conjunto para a diferenciação das formas de um globo para um cubo.
Tratamos de um problema empírico sobre nossas capacidades cognitivas, longe de ser apenas um problema filosófico. A visão do ex-cego, o torna incapaz de diferenciar e distinguir um globo de um cubo, pois não há como formular ideias inatas antes da experimentação. Não há como inferir pela visão que seis faces planas chamadas de quadrados formam um cubo e que uma superfície esférica (é o lugar geométrico dos pontos do espaço que estão à mesma distância de um certo ponto) forma uma curva que forma um globo, pois não há como saber o que são faces planas e o que são curvas apenas