O poder da língua e a língua do poder
A relação entre a língua e o poder representa um fenômeno de muita evidência que pode ser observado ao longo da história da humanidade e também, e talvez principalmente, nos dias da atualidade. Pode-se dizer que a língua muitas vezes assume o papel de opressora, visto que oferece uma estrutura a serviço do domínio de uma classe mais favorecida sobre outra de menor prestígio social e econômico (falantes de uma variação “deselegante” da língua). Esse domínio se dá, entre outros motivos, devido ao fato de que, além de sofrerem preconceito e serem intimidados, os indivíduos de vocabulário limitado são facilmente influenciáveis e usados como massa de manobra.
Consequentemente, essas pessoas geralmente são privadas do acesso à educação de qualidade, do contato com a cultura e do estímulo para a prática da leitura, elementos essenciais para o aprendizado da tão valorizada norma padrão. Estabelece-se assim um ciclo, no qual os não-falantes do português padrão estão sempre no lugar de subjugados, sempre sendo rotulados pejorativamente, sofrendo preconceito e sendo impedidos de alcançar melhores posições dentro da sociedade.
Por outro lado, o fato de uma pessoa não falar da maneira considerada correta, não implica que ela não tenha inteligência, ou que ela não deva ser ouvida e respeitada. Na verdade, é na diversidade e na pluralidade que surgem ideias que podem ser benéficas para a sociedade de um modo geral. Além disso, todos merecem respeito, independente da classe social ou do nível de instrução.
Portanto, visando a construção de uma sociedade mais justa e melhor em todos os aspectos, é preciso que preconceitos, sobretudo o linguístico seja superado, e isso depende não apenas do Estado e do governo, mas sim de toda a sociedade.
Nágila Karinna Boaventura da Silva Turma Flor-de-lótus LETE43
10 de abril de 2014