O paradigma de dorian gray
Maria Luisa Seabra
“ O retrato de Dorian Gray”, da autoria de Oscar Wilde, foi publicado inicialmente em 1890, tendo uma segunda edição um ano depois, na qual Wilde acrescentou um prefácio e seis novos capítulos. Trata-se de um romance fascinante sobre as convenções dispensáveis, a imortalidade, a perfeição, a juventude eterna e outras impossibilidades, alcançáveis apenas renunciando a alma de forma mitológica.
A obra foi recebida com indignação, choque e polémica por parte da sociedade na altura, em plena era Vitoriana, um dos períodos áureos de Inglaterra, e no qual prevaleciam convenções moralistas e sociais. Assuntos como o hedonismo, a homossexualidade, assassínios, e o abandono da alma eram assuntos condenados e muito mal aceites (embora a obra tenha tido sucesso na época, entre os jovens dândis e a aristocracia hipócrita, que condenava o seu conteúdo, mas deliciava-se às escondidas, com os tabus nela presentes). A obra foi entendida como um espelho da vida defeituosa e desvirtuosa de Wilde, sendo que rapidamente a crítica envolveu o romance num escândalo que passou de literário a social quando a relação homossexual de Wilde com Lord Alfred Douglas se tornou pública. Wilde distanciou-se da polémica, defendendo-se da comparação do seu ciclo de amizades como figuras inspiradoras das suas personagens: “O que a arte espelha realmente é o espectador e não a vida.”
Penso que o contexto histórico-social será de maior importância de forma a entender a obra, até porque a sociedade tem papel fulcral no desenrolar da estória.
Portanto era uma época que estava sob os efeitos sociais e psicológicos da Revolução Industrial e que transpareciam numa atitude pessimista da parte de artistas e autores, que tentavam se sustentar por meio das suas produções, impulsionados pelo crescimento da Imprensa – que publicava as suas ilustrações. A aristocracia, por sua vez, era marcada pela hipocrisia, presente essencialmente na separação radical entre a