O Objeto Transicional
“É muitíssimo conhecido o fato de que os bebês logo após o nascimento tendem a usar punhos, dedos e polegares para estimular a zona erógena oral a fim de satisfazer os extintos ligados a esta, e também quando estão em momentos de relacionamento tranqüilo. Sabemos ainda que após alguns meses os bebês de ambos os sexos passam a gostar de brincar de bonecas, e que a maioria das mães permite que seus bebês adotem algum objeto especial, espera que ele se torne “viciado” nesses objetos, por assim dizer.
Alguma coisa liga essas duas ordens de fenômenos, separados entre si por um intervalo de tempo, e o estudo do desenvolvimento do primeiro para o segundo poderá ser proveitoso, pois fará uso de um material clínico até agora um tanto negligenciado.” – Da Pediatria à Psicanálise – D.W. Winnicott
Em seu livro, Winnicott trata do conceito de objeto ou fenômeno transicional e recebe três usos diferentes: um processo evolutivo (etapa do desenvolvimento); vinculada às angústias de separação (entre ele e a mãe) e às defesas contra elas; representando um espaço dentro da mente do indivíduo. O objeto transicional representa a primeira posse “não-ego” da criança, têm um caráter de intermediação entre o seu mundo interno e externo. O objeto é algo que não está definitivamente nem dentro nem fora da criança. Servirá para que o sujeito possa experimentar com essas situações, e para ir demarcando seus próprios limites mentais em relação ao externo e ao interno.
Para explicar a constituição do objeto transicional, Winnicott remonta ao primeiro vínculo da criança com o mundo externo, a relação com o seio materno. No princípio, a criança tem uma ilusão de onipotência, vivenciando o seio como sendo parte do seu próprio corpo. Mas, uma vez alcançada esta onipotência ilusória, a mãe deve idealmente, ir desiludindo a criança, pouco a pouco, fazendo com que o bebê adquira a noção de que o seio é uma “possessão”, no sentido de um objeto, mas que não é ele (“me