O nomeável e o inominável
Inominável
Maud Mannoni
Como o trabalho de luto foi entravado no séc.
XVIII, por razões de “conveniência social”, são os traços melancólicos que irão em seguida caracterizar toda uma época. O enlutado que não consegue, no prazo requerido, voltar à vida normal é convidado a refugiar-se no convento.
A reação à perda de uma pessoa não é mais sustentada por um grupo social, e uma depressão (que não diz seu nome) se instala.
Há perda de interesse pelo mundo exterior, bem como por toda nova escolha de objeto que recorde o defunto. Se na depressão o mundo tornou vazio, na melancolia é o
próprio eu que se sente empobrecido.
Os ritos de morte são cada vez mais simplificados. As conveniências exigem que o enlutado volte a uma vida normal depois de passado algum tempo determinado pelos costumes. O recalcamento da dor é exigido em lugar das manifestações outrora usuais.
É notável que estudos acerca do luto sejam escassos quando comparados à produção científica existente relacionada a outros quadros de saúde mental (Silva & Nardi,
2010). Assim, pode-se dizer que o tema da morte e as questões relacionadas com o mesmo ainda são considerados como um tabu, um tema interditado que muitas vezes é sentido como fracasso, por profissionais da área da saúde (Costa & Lima, 2005).
O luto e o sofrimento causados pela morte, ou pela iminência da mesma, muitas vezes são tratados como um problema a ser vivido apenas pela pessoa que enfrenta uma perda, refletindo o individualismo da sociedade atual. Assim sendo, a dor da perda se transforma em algo inaudível e indizível. Do mesmo modo como o indivíduo não tem quem o escute e o compreenda, o outro, por sua vez, não escuta para não incomodar-se nem envolver-se e, então, o silencio prevalece fazendo com que o enlutado se isole em sua angústia e dor (Freire, 2006).
Com isso, a vivência do enlutamento configura-se em um processo
de