O necessário e o supérfluo na República de Platão
Bacharelado em Filosofia
Filosofia e Arte
José Vander Vieira do Nascimento
Vitória / ES
2011/02
O Necessário e o Supérfluo no Livro II da “República” de Platão
Nos catálogos bibliográficos “A república” de Platão é, quase sempre, listada como o primeiro tratado político escrito. Mas, convenhamos, a minuciosa investigação acerca das condições de criação, “nutrição” e mantenimento do cidadão e da cidade ideal platônica leva o olhar, sobretudo o mais descuidado, a pensar a República de forma apenas política. Mas, ora, mesmo se tratando o livro da construção dessa perfeita “pólis” grega, será ele apenas político? A convivência política do homem não seria perpassada também por outras questões: éticas ou estéticas ou metafísicas? Levando isso em conta, pensar a República de forma estritamente política pode ser um fechar as portas à outras possibilidades de leitura da obra, como a questão ética que vem à tona na constituição da cidade, sobretudo na delineação da “Justiça”. O projeto da cidade, como corrente na obra platônica, parte através da investigação de uma imagem “ideal” das condições que “deveriam” reger a composição dessa cidade e do homem da mesma. O homem é constitutivamente carente por isso há necessidade de se agrupar: “Uma cidade nasce, parece-me, porque cada um de nós não é auto-suficiente, mas carente de muitas coisas” (Livro II, 369b). A cidade é onde o homem grego acontece, se erige, pois a constituição do mesmo é uma experiência plural, mormente, política. Toda a produção local está ligada ao que o homem precisa para viver e se organizar da melhor forma possível. Nesse processo de criação, após Platão (pela boca de Sócrates) estabelecer as necessidades mais básicas à vida em tal sociedade, Gláucon introduz de forma deveras pertinente a questão do desejo e da realização dos desejos como parte importante para a edificação do homem como