O mundo das letras e o governo da alma
O mundo das letras é terreno ardiloso para se andar.Poderia esse mundo suplantar o valor daquela que o produz? Tem-se na retórica arma impar para construir impérios, derrubar reinos ou tão somente "suscitar ira ou desviar o furor", como dizia o sábio Salomão.O fascínio exercido por um discurso sedutor já foi força motriz para mudança no curso da história humana.Esse fascínio exercido pelas palavras faz com que homens de notável profundidade intelectual fiquem inebriados pelo seu encanto, Hemingway expressou sua paixão por elas dizendo, "Toda a minha vida olhei as palavras como se as estivesse a ver pela primeira vez.".Entretanto com todo esse poder serão elas, as palavras, mais valorosa que a alma que as concebe? Dizia Joseph Joubert, "As palavras são como lentes que obscurecem tudo o que não ajudam a ver melhor.", sua força consiste em direcionar o ouvinte ou leitor a um caminho proposto, independente de seus valores morais, sociais ou filosóficos, quem as governa detém o seu poder. Embora o seu poder seja latente, ainda assim sua eficácia depende do receptor do discurso, de sua experiências, princípios e conhecimentos, aí então essa tão poderosa força se esvai e fica dependente de algo que talvez não tenha tanto elegância ou virtuosidade, mas que na sua individualidade e unicidade se mostra mais importante do que a capacidade argumentativa, mais decisivo que a eloqüência, a alma.Essa singularidade humana é tão poderosa que nem mesmo Eros, o deus do amor, pôde resisti-la.Seu poder é tão grande que nem mesmo o homem, com todas as suas limitações pode limitá-la, "O homem é uma prisão em que a alma permanece livre." advertia Victor Hugo, nem mesmo Napoleão com poder de seu exercito, incitados por seu discurso voraz, sabia que qualquer homem poderia ser livre por ela "A alma reina seja onde for: do fundo das masmorras pode elevar-se até ao céu.". O encontro de um discurso atilado com uma alma que o compreenda é um