O Monumento e a Memória
O conceito de monumento deriva do latim "monumentum" que por sua vez tem origem no verbo "monare" cujo significado é “fazer recordar”, instruir, advertir. Françoise Choay diz-nos que a sua essência reside na “sua relação com o tempo vivido e com a memória”. Para a sociedade que o erige o monumento funciona como protecção contra a transitoriedade da vida, é um desafio à acção do tempo sobre todas as coisas naturais ou artificiais, é uma tentativa de combater a angústia da morte e da destruição, tem pois uma função memorial.
Ao longo dos séculos este sentido tem sofrido alterações e no Renascimento é introduzida a noção de arte, que faz com que quando se observa um monumento, para além da evocação do passado, aprecia-se-lhe a beleza estética, a perfeição e a qualidade técnicas. A expressão “monumento histórico” surge no final do século XVIII, durante a Revolução Francesa, associada à preocupação de proteger os monumentos nacionais, obstando a onda de vandalismo que assolou na época a França e que levou à destruição dos objectos representativos da monarquia, do clero e dos tempos feudais. Mas a preocupação de conservação já existia no século XV, a que Choay chama fase “antiquisante” devido à sua limitação aos edifícios e obras de arte da Antiguidade. Enquanto um monumento é criado por uma razão comemorativa ou recordatória de alguém ou de algum acontecimento, o monumento histórico é uma definição ulterior a um vestígio material do passado. Qualquer objecto do passado pode ser convertido em monumento histórico. Qualquer obra de arte específica é um testemunho histórico pois traz consigo toda a informação técnica, material e formal da época que a criou, e reflecte a mentalidade e potencialidade da sociedade que a produziu, e do contexto em que foi criada, constituindo os dados materiais de um determinado período histórico. Enquanto o monumento é praticamente