O mal estar da civilização sigmund freud
Sigmund Freud
O ego, que a princípio parece autônomo e unitário, tem uma ligação interna com o inconsciente, o id, que lhe serve de fachada. Na maioria das vezes eles parecem ter linhas claras de separação, com a exceção da vivência do sentimento de amor. Neste caso, a fronteira entre o ego e o objeto tende a desaparecer, o “eu” e o “tu” são vistos como um só. Há de se considerar que há um processo de desenvolvimento em relação ao ego do adulto. Uma criança recém nascida não distingue suas sensações daquelas que vem do mundo externo. Nesta fase o ego inclui tudo. Depois aprende, aos poucos, iniciando este processo com a percepção do seio da mãe como algo que reaparece após seus chamados (gritos, choro). Reconhece o mundo exterior através das vivências de sensações de sofrimento, desprazer que se repetem. É quando separa de si mesma o mundo exterior. Pelo princípio do prazer ela então passa a buscar o que lhe de sensações positivas e a evitar o que lhe causa desprazer. Esta percepção de mundo externo/interno é o primeiro passo para o princípio da realidade se instalar. O sentimento origina, de algo ilimitado, o vinculo eu/universo, dito “oceânico”, é o sentimento que retorna mais tarde no indivíduo que vive a religião. Buscando a unidade do universo, ele retorna a fase primitiva, infantil. Seria a busca de solução para o desamparo infantil (bebê hoje adulto)? De proteção contra o perigo que o mundo exterior representa para um ser indefeso (bebê hoje adulto)? Seria uma forma de vinculo primário com o universo? Este sentimento oceânico seria, em consequência, a fonte das necessidades religiosas. “Uma providência cuidadosa haverá por toda a vida e compensará em outra existência futura, as frustrações que experimentou aqui”. Neste processo somente um pai engrandecido teria este papel. E seria através de meditações, orações, transes, como satisfações substitutas que o sujeito ficaria como que