O lugar do trabalho de campo na Antropologia

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O lugar do trabalho de campo mudou ao longo do desenvolvimento da antropologia. Este campo de conhecimento surgiu na Europa, em um contexto imperialista de neocolonização. As grandes potências europeias empreendiam viagens a países que, segundo eles, eram menos desenvolvidos, para explorá-los, retirar-lhes as riquezas, colonizá-los e assim por diante. Sem entrar no mérito da questão geopolítica, quero me ater ao pensamento da época: o etnocentrismo. O homem branco e europeu via a si próprio como o posto mais alto e evoluído, ao passo que via as outras culturas como atrasadas, dentro de um continuum de evolução social. Este pensamento era totalmente carregado de preconceitos e racismos, muito relacionado com o “fardo do homem branco” dessa época, ou seja, a ideia de que o europeu iria explorar os povos selvagens, para levar-lhes a civilização, a razão e a cristandade, salvando-lhes da selvageria e da barbárie. A antropologia que emerge nesse período carrega intrinsicamente esse pensamento – ela era totalmente etnocêntrica. Assim sendo, ela era chamada de antropologia evolucionista, pois traçava uma linha evolutiva que ia da selvageria à civilização, passando pela barbárie, na qual todas as manifestações sociais do ser humano, sejam elas quais forem, passaram ou passarão irredutivelmente. Dessa forma, era possível localizar qualquer sociedade dentro de um continuum. De uma maneira geral, antropólogo desta época praticamente não tinha contato direto com o seu nativo. Os relatos dos colonizadores, comerciantes, missionários, viajantes e outros observadores superficiais eram a sua fonte de conteúdo, a partir deles é que o antropólogo criava a sua teoria acerca daquela sociedade. O trabalho de campo – se é que podemos chamá-lo assim – tinha um caráter “terceirizado”, ou seja, a partir do olhar de terceiros é que se tiravam as conclusões e teorias científicas. Tais olhares não eram treinados para relativizar e compreender as culturas nativas a partir de sua coerência

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