O legado vargas
Um conjunto de ismos, como populismo, personalismo, nacionalismo, desenvolvimentismo e trabalhismo são alguns dos termos atribuídos ao esquema getulista. Mas não somente. Legislação trabalhista e social, sindicato corporativo, carteira de trabalho, previdência social, justiça do trabalho, salário mínimo e Consolidação das Leis do Trabalho representam efetivamente as suas continuidades.
Os principais herdeiros de Getúlio Vargas posicionaram-se estrategicamente, assim como o "mestre", de forma oscilante no tabuleiro ideológico e político, circulando entre esquerda, centro e direita. A imagem de um pêndulo ajuda a classificar os vários momentos em que esses herdeiros e instituições aparecem e morrem na história brasileira.
"A Consolidação das Leis do Trabalho, o Partido Trabalhista Brasileiro, o Estatuto do Trabalhador Rural, Vargas, Kubitschek, Goulart, Arraes e Brizola fazem parte de um mesmo sistema. E juntam-se também Ademar de Barros, Hugo Borghi, Jânio Quadros e outros como elementos do mesmo universo populista. Todos eles, no entanto, estão relacionados ao pensamento getulista e particularmente à política de massas. Essa é uma das conotações básicas da democracia populista."
A reflexão do sociólogo Octavio Ianni (1926-2004) demonstra não restar dúvida de que a ruptura com o esquema varguista começou com o regime militar, instaurado no Golpe de 64, ainda que o conceito de populismo seja um tanto questionável como recurso teórico para interpretar o período.
Na verdade, há um conjunto de fatores analisados por Ianni e muitos outros historiadores do período que deve ser considerado para facilitar o entendimento da herança, do processo de continuidade e da ruptura do legado varguista. Um ponto de partida interessante para essa discussão é a famosa Carta-Testamento, hipoteticamente escrita pelo presidente. O conteúdo e a linguagem do