Carta getulio vargas
A Carta-testamento e o legado de Vargas
Segundo o relato de familiares e colaboradores, ao lado do corpo de Getúlio Vargas foi encontrada a cópia de uma carta com sua assinatura, dirigida ao povo brasileiro. Nessa carta ficavam explícitas as razões que o tinham levado ao gesto extremo do suicídio e eram indicados os responsáveis pelo desfecho trágico: grupos internacionais cujos interesses o governo contrariara, aliados a grupos nacionais que se opunham ao que Vargas definia como "o regime de garantia do trabalho". Unidos, eles haviam deflagrado um bombardeio sem tréguas ao qual o presidente não mais podia resistir, um bombardeio que pretendia atingir sua pessoa, mas que, segundo suas palavras, visava a derrotar as conquistas que o governo assegurara ao povo brasileiro. No texto, Vargas colocava-se, enquanto governante, no papel de defensor, representante e libertador do povo. Com sua morte, buscava sagrar-se seu mártir e consolidar seu nome no panteão político brasileiro, associando-o definitivamente à bandeira dos interesses nacionais e do trabalhismo. Revelador dessa intenção é o trecho em que se lê: "Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco... Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta."
Muitas controvérsias cercaram a Carta-testamento. Sua autoria chegou a ser atribuída ao jornalista José Soares Maciel Filho, redator de grande parte dos discursos de Vargas. Segundo depoimento de Lutero Vargas, filho do presidente, o jornalista teria confirmado que datilografara o texto manuscrito que lhe fora entregue pelo presidente. No arquivo de Getúlio, depositado no CPDOC, encontram-se, de fato, duas cartas. Uma cópia datilografada, que corresponde ao texto transmitido do Catete, por telefone, à Rádio Nacional horas após o suicídio, e