O império do efêmero
Para Lipovetsky, o fenômeno de moda não pertence a todas as sociedades e nem a todas as épocas. A moda teria surgido nas cortes europeias na idade média tardia, metade do séc. XIV, possibilitada por mudanças de valores formadoras das próprias sociedades modernas: o novo como valor, o culto do presente e o processo de individualização.
Ao possibilitar e valorizar a aceitação do novo em oposição ao tradicional, a moda teria contribuído para sociabilizar na mudança o indivíduo das sociedades tradicionais pautadas no passado. O presente se instauraria como novo eixo temporal do gozo da vida e com a moda surgiria um novo tempo legítimo: o do “moderno”. Além disso, a moda estaria fundada historicamente no valor e na reivindicação da individualidade no momento em que o indivíduo desenvolve um gosto e passa a criar e a intervir na própria aparência.
Consumo de moda e distinção Social
Uma das polêmicas que envolve esta obra é a relação entre moda e distinção social. Até então o discurso proeminente para justificar o consumo de moda era a disputa entre classes por status social: a dinâmica da moda seria provocada por rivalidades entre classes sociais através de movimentos de distinção e imitação. Lipovetsky não nega o fato de ser a moda um instrumento demarcador de fronteiras simbólicas entre classes, ao contrário, ele afirma que, muitas vezes, tal é a sua função, mas não a única. A moda também atua como fronteira simbólica de gênero, idade e estilo de vida, entre outros.
Portanto, o consumo de moda, antes de ser estratégia de distinção de classes, é efeito de novas valorizações sociais e posicionamento do indivíduo em relação ao coletivo,