O homem e a educação
– A reflexão surge da suspeita de que a educação, incluída a pedagogia, não tem visão nem própria e nem clara de ser humano, serve-se de arranjos tomados de ciências coadjuvantes, o que pode ser válido, mas não elabora sua própria síntese, ficando seus objetivos específicos dispersivos e erráticos, dando ensejo a reducionismos antropológicos que vão desaguar em teorias educacionais que perdem de vista a sua maior aposta que consiste na humanização daqueles que são chamados a se tornarem humanos. Inquietudes e desafios presentes na sociedade educativa mostram a insuficiência da moldura atual de compreensão antropológica na qual atuam educadores, o que leva a urgir a elaboração de uma subjetividade que colha no seu âmago a visada educacional. A partir de textos e práticas educacionais existentes hoje, a educação revela uma identidade incerta e variável. Não apresenta uma concepção clara e firme do que entende por ser humano e por humanização. Variam as concepções de ser humano e, conseqüentemente, percebe-se um mosaico de visões de educação e alguma tímida idéia de humanização. Além disso, as teorias educacionais sucedem-se com velocidade, deixando rastros fugazes inexpressivos, e contrastam-se por enfoques modais. Pedagogos e educadores movem-se em seu campo profissional norteados por conhecimentos adquiridos nas academias, por idéias derivadas do contexto cultural sincrético e, talvez, mesmo por experiências, registros e convicções próprias. A partir destas fontes de conhecimento e da experiência acumulada no tirocínio da prática formam eles sua visão do que entender por homem e por sua humanização, mediante a educação, conhecimentos e idéias que espelham não só concepções atuais de mundo, de sociedade, de vida, mas também, como mostra Gadamer (2002), “preconceitos” que não deixam de se fazer presentes na moldura cultural e individual da trajetória histórica de cada um, subliminarmente atuantes na ação pedagógica