O homem cordial
O escopo desse trabalho é analisar de que forma o historiador Sergio Buarque de Holanda, em sua obra clássica “Raízes do Brasil”, mais especificamente no capítulo “o homem cordial”, trabalha com um tipo, segundo o qual, é capaz de explicar alguns traços da cultura de nosso país, tal qual a forma como o brasileiro sempre se relacionou com a coisa pública, tendo suas raízes no modelo de família patriarcal, sendo que esta contribuiu para a formação do “homem cordial”, um indivíduo que não consegue separar o público do privado, que não consegue entender que a vida no Estado burocrático deve ser impessoal e não pessoal.
Na tentativa de compreender a realidade brasileira, Sérgio Buarque de Holanda recorre a nossas origens ibéricas, o autor argumenta sobre a precariedade das ideias de solidariedade entre hispânicos e portugueses em função da cultura da personalidade ou do personalismo presente entre estes povos europeus. Além de observar que a ideia de solidariedade entre os povos ibéricos só existe onde há vinculação de sentimentos, característica marcante do “homem cordial”, ante esse cenário, o autor aponta que para a superação dos malefícios da “cordialidade brasileira” é necessário o desenvolvimento da impessoalidade, o qual contribuirá através de um processo lento e gradual para a transformação de um Estado Moderno forte, capaz de garantir o desenvolvimento do país.
A contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade- daremos ao mundo o “homem cordial’. A lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro (...)” (HOLANDA, 1995, pág. 146);
O autor faz a defesa de um projeto republicano que preza pela manutenção da coisa pública e apresenta então a concepção de revolução como a superação lenta e gradual da cordialidade, que conduziria à lenta modernização do país. Essa modernização se dará,