O golpe de 64
Em “Partidos da República de 1946: Velhas Teses, Novos Dados”, Jairo Nicolau faz um levantamento sobre o sistema partidário da República de 46, em uma tentativa de, a partir desse estudo, apresentar os dados corretos das eleições para uma melhor análise.
Muitos estudos anteriores obtiveram resultados incompletos: não conseguiram conhecer a votação que cada legenda obteve nas eleições legislativas. O que gerou uma grande frustração por parte dos pesquisadores e tal frustração ocorreu pois, nas disputas eleitorais proporcionais, quando os partidos se coligavam, somente os votos às coligações apareciam nas estatísticas.
Por conta disso, muitos desses estudos precisaram seguir outros caminhos ao atribuir maior força aos partidos políticos e considerar a evolução do sistema partidário. Foi necessário, por exemplo, trabalhar com o número de cadeiras, desconsiderar as coligações e considerar como um único partido a votação das coligações em questão.
O autor apresenta suas ideias a partir de dois caminhos: o primeiro é expor uma proposta para a organização das estatísticas eleitorais de 1946; o segundo é usar de teste algumas teorias clássicas literárias sobre o sistema partidário do Brasil.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicou, em sete volumes, os resultados das eleições que ocorreram entre os anos de 1945 e 1962. As informações contidas estão bem organizadas, embora existam alguns erros como de digitação, dados incompletos, mudanças de valores, mais de uma fonte oficial e, em certos casos, possíveis manipulações.
Para a Câmara dos Deputados, as informações são postas de duas maneiras: uma lista com o nome e o voto recebido pelos candidatos; e o resultado de votos ganhos pelos partidos nas unidades da Federação. Em ambos os casos, nas coligações, não havia distinção de votos de cada partido de forma separada, pelas estatísticas. Este fato deriva das regras de disputa partidária da época.
O resultado de votos de legenda recebido