O filme documentário como "documento da verdade"
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Olho da História No. 1
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O filme documentário como "documento da verdade"
Umbelino Brasil
Professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e cineasta. Autor dos filmes O que eu conto do sertão é isso ...
(1979) e Lutas e vidas (1981).
O cinema documentário pode ser considerado como uma fonte de pesquisa e ensino da história? Sim, mas esse gênero cinematográfico pode, também, significar para realizadores, estudiosos e espectadores uma prova da "verdade", uma vez que trabalha diretamente com imagens extraídas da realidade. É comum se imaginar o filme documentário como a expressão legítima do real ou se crer que ele está mais próximo da verdade e da realidade do que os filmes de ficção.
Discutiremos essas questões especificando a necessidade de se estabelecer uma determinada compreensão e o suficiente entendimento do significado das imagens vistas. Ao mesmo tempo, é extremamente pertinente fazer, pelo menos, uma breve análise do desenvolvimento e da forma como se constrói o filme documentário, enfocando, particularmente, os aspectos históricos da existência do gênero documentário no Brasil. Teceremos, ainda, considerações acerca desse produto enquanto fonte de documentação histórica ou de meio de representação da história.
Comentaremos, de início, o documentário Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, 1984), que trata da história das lutas camponesas no nordeste brasileiro nos anos sessenta, mostrando a saga da família Teixeira, cujo pai, João Pedro Teixeira, foi assassinado em 1962, na cidade de Sapé, interior da
Paraíba. Uma primeira versão do Cabra foi feita em 1964, produzida pelo CPC/UNE. O golpe militar, ocorrido no mesmo ano, interrompeu as filmagens. A família Teixeira se dissolveu, tendo Elisabeth
Teixeira, mulher de João Pedro, fugido das forças repressivas da