complexo de edipo
Susane V. Zanotti
Freud, em sua Conferência de 1917, intitulada ‘O desenvolvimento da libido e as organizações sexuais’, prepara seu público para ouvir ‘o que esse terrível Complexo de Édipo contém’. E assim segue, descrevendo a lenda grega do rei Édipo, ‘fadado pelo destino a matar seu pai e desposar sua mãe’. É nessa tragédia de Sófocles que Freud se apoia para construir a teoria do Complexo de Édipo, processo de constituição a que todos os sujeitos estão ‘submetidos’. “É uma coisa tão importante que o modo por que o indivíduo nele se introduz e o abandona não pode deixar de ter seus efeitos” (Freud, 1925/1996, p. 286).
O complexo de Édipo é a “experiência central dos anos da infância, o maior problema do início da vida e a fonte mais intensa de inadequação posterior” (Freud, 1940/1996, p. 205). Toda criança está destinada a passar por ele, uma vez que ele decorre inevitavelmente do fato dela ser cuidada por um adulto, que participa ativamente desse processo. Sobre a importância dos pais no ‘despertar’ do Complexo de Édipo nos diz Freud:“... os próprios pais freqüentemente exercem uma influência decisiva no despertar da atitude edipiana da criança, ao cederem ao empuxo da atração sexual,... onde houver várias crianças, o pai dará definidas provas de sua maior afeição por sua filhinha e a mãe por seu filho” (Freud, 1917/1996, p. 337).
Ao descrever o Complexo de Édipo, Freud, inicialmente (1917/1996), supõe uma equivalência desse fenômeno nos meninos e nas meninas. Assim, o menino escolhe sua mãe como objeto e seu pai é tido como ‘entrave’ nessa relação. Com as meninas, o processo é o mesmo: interesse pelo sexo oposto e ódio pelo mesmo sexo. Seu objeto de amor é o pai e há uma necessidade de eliminar a mãe, por julgá-la sua rival. No entanto, Freud, em seu artigo ‘Algumas conseqüências psíquicas da distinção anatômica entre os sexo’ (1925), retifica essa idéia de uma simetria no Édipo da menina