O Espelho - Análise
Nesse bimestre, discutimos em sala de aula um trecho do texto filosófico "Introdução à leitura de Hegel", de Alexandre Kojève; e ao mesmo tempo, lemos os textos literários "O Espelho", de Machado de Assis e "Entre Quatro Paredes", de Jean-Paul Sartre. Nesse trabalho, me limitarei apenas a uma, para não ficar confuso.
"O Espelho" foi escrito em 1882 e gira em torno de um momento específico da vida do personagem principal, Jacobina, homem casmurro, fechado e que não se relaciona com os demais. O texto começa quando quatro ou cinco cavalheiros debatiam questões de alta transcendência e metafísica. Logo, ele entra na discussão para contar tal momento de sua vida e inicia falando "Em primeiro lugar, não uma só alma, mas duas".
A seguir, ele começa a contar uma história de quando tinha 25 anos, quando ganhou sua faixa de alferes do Exército e deixou todos de sua família muito felizes. Foi passar um tempo com sua tia Marcolina, na epoca, onde foi muitíssimo bem tratado e super bajulado - não só por ela, mas também por seus escravos -, e tinha uma vida luxuriosa, comparando a antes. Ganhou, inclusive, um espelho de ouro, que chegara ao Brasil junto de D. João VI (1808), mas nunca ficara se reparando nele.
É importante comentar que toda essa bajulação gerou uma transformação "intíma" em Jacobina: o alferes elimina o homem, ou seja, sobra pouca humanidade nele. É uma metamorfose, ele se identifica mais com sua patente e acaba esquecendo-se de sua personalidade.
Entretanto, tia Marcolina recebera a notícia de que sua filha estava à beira da morte e viajou, deixando sua casa sob os cuidados de Jacobina. No dia seguinte, todos os escravos fugiram e ele ficara completamente sozinho. Isso lhe gerará um sentimento de solidão, pois não terá quem o bajular. O sono alivia as sensações que ele sente durante esse tempo, pois elimina as necessidades de sua alma externa e atenda à interna.
Jacobina evitava se olhar no