o enigma de kaspar hauser
A partir daí podemos compreender o quanto, não somente o convívio social, mas também experiências simples que vivenciamos desde pequenos em nosso dia a dia, contribuem para o processo de assimilação e assim, desenvolvimento da fala.
Mesmo Kaspar saindo da clausura e passando a conviver em sociedade, para ele, nada faz sentido. Para ele, seu quarto é maior que a torre, apenas porque ao se virar, de todos os ângulos, ele ainda pode ver as paredes, já a torre, ao se virar, ela “desaparece”.
Outro ponto importante é a questão de como o medo pode ser algo criado, e não um evento natural. Kaspar é atraído por uma vela, mas, após se queimar, aprende que a o fogo machuca e passa a ter medo.
Contudo, observamos que mesmo aprendendo a falar e escrever, Kaspar não compreende os signos. Quando nós falamos a palavra cadeira, por exemplo, automaticamente nos vem à cabeça a imagem de uma cadeira, mas para Kaspar isso era impossível, uma vez que ele jamais viu uma cadeira, o que reforça a importância do processo de assimilação, que nada mais é do que um processo cognitivo, que consiste em classificar novos eventos com base em esquemas já existente.
“[...] A consciência de si mesmo, que o ser humano desenvolve desde fases iniciais da vida, permitirá também, progressivamente, a identificação do outro e dos outros, que sempre constituirão para ele uma referência exterior e distinta de si mesmo. Esse outro e esses outros que povoam o meio circundante estabelecerão com ele uma relação dialética, ou seja, uma relação ao mesmo ao mesmo tempo de oposição e síntese, envolvendo o mundo interno e externo ao individuo, os sujeitos e a sociedade (...) “ (p. 274)
“[...] A relação entre a