O Crime
O Crime do Padre Amaro é o primeiro romance de Eça. Em vez da subjetividade romântica, os autores do realismo-naturalismo, como o próprio nome da escola literária indica, buscavam retratar a realidade de forma objetiva.
Naquela época (segunda metade do século XIX), o Ocidente vivia um período de grandes transformações, com a Segunda Revolução Industrial. O cientificismo passou a predominar, com novas correntes filosóficas e teorias, entre as quais o positivismo de Comte, o determinismo de Taine, o evolucionismo de Darwin e o socialismo científico de Marx e Engels. Essa perspectiva racionalista e materialista leva os intelectuais a estudar o impacto social da industrialização e do liberalismo.
Passam a ser discutidas as desigualdades que essas mudanças trouxeram para a sociedade, como o surgimento de uma nova classe que é oprimida pela burguesia: o proletariado.
Daí a substituição do romance de entretenimento pelo romance de tese, que visa a descrever e a explicar os problemas sociais sob a luz das novas idéias. Neles há a crítica, muitas vezes feroz, às instituições que servem de base para a sociedade burguesa, como o Estado, a Igreja e a família.
Portugal, que muito tempo antes havia deixado de acompanhar o progresso de outras nações européias, passa nesse momento a servir de palco para a mobilização de jovens que ansiavam por mudanças radicais. É nesse contexto que Eça de Queirós começa a se destacar. Em sua fase realista-naturalista, inspirado pelos franceses Gustave Flaubert e Émile Zola, escreve romances como O Crime do Padre Amaro e O Primo Basílio, que buscam atacar a corrupção do clero e a hipocrisia da média burguesia portuguesa.
NARRADOR
A narrativa é em terceira pessoa e o narrador tem onisciência, ou seja, conta a história com conhecimento dos pensamentos e das ações dos personagens. Isso facilita o processo de distanciamento entre o autor e a obra. Apesar disso, é possível perceber a antipatia que Eça sente por