Resenha Edmar Bacha
Na introdução de seu artigo “Integrar para crescer: o Brasil na economia mundial”, Edmar Bacha considera o caráter enfermo da economia brasileira (elevada inflação e baixo crescimento) como resultante da baixa produtividade do país advinda do seu atraso tecnológico, ausência de especialização e escala reduzida das empresas. Esses fatores levam à redução dos investimentos públicos, aumento da carga tributária e educação precária. A elevada carga tributária faz com que os investimentos nos setores públicos se tornem escassos, reduzindo também os investimentos privados devido aos gastos no orçamento do governo. Mas, segundo o autor, todas essas características que interferem negativamente na economia brasileira têm um aspecto em comum: todas seriam fruto da ausência de integração do país ao comércio internacional. Para Bacha, a história do desenvolvimento econômico de alguns países e até a própria experiência brasileira mostram que os países na transição para o primeiro mundo são os com maiores índices de exportação. Assim, a maior participação de um país no comércio mundial ajudaria na redução da carga tributária, na melhoria da qualidade do ensino, na infraestrutura e recepção de investimentos. Isso seria explicável, segundo ele, baseando-se no “princípio do desenvolvimento desequilibrado”, que seria basicamente fazer com que os setores ligados ao crescimento se desenvolvam através da provocação de um desequilíbrio entre esses que forçaria a sua adequação, já que não é possível buscar o crescimento de todos os setores simultaneamente. Nesse contexto é que surge a “exportabilidade”, que explica como a industrialização de um país pode ajudar no seu crescimento. Segundo dados recentes apresentados no artigo, apenas 13% do PIB brasileiro corresponde a importações, o menor valor entre os 176 países analisados. Já a parcela de exportações é ainda menor,