O cortiço
O escritor serviu, de 1897 a 1899, no consulado brasileiro de Yocohama, no Japão. Dessa experiência nasceram crônicas retratando a vida nipônica. Publicadas esporadicamente na imprensa brasileira da época, foram reunidas em livro apenas no ano de 1984.
Jerônimo, por exemplo, depois de se apaixonar pela mulata Rita Baiana, passa de homem honesto a vagabundo, transformação esta, indicada como sinal de “abrasileiramento” da personagem. O sexo, como força natural e instintiva, é supervalorizado, degradante e distorcido, levando ao adultério, a desvios de sexualidade, à prostituição e ao lesbianismo. Quanto à mulher, idealizada no Romantismo, surge sob posicionamentos diferentes: a mulher objeto, inferior e submissa dentro de uma estrutura social bem definida; e a mulher sujeito, que independe do homem. Por fim, o cortiço de João Romão se transforma em “Estalagem São Romão” e passa a atender outra classe de pessoas, enquanto outro cortiço se forma a seu lado (o “Cabeça-de-Gato”) atendendo às necessidades dos antigos moradores do cortiço de João Romão. o homem é produto do meio e, dentro deste, só pode sobreviver o mais forte
Sem dúvida alguma, o melhor romance de Aluísio de Azevedo é O Cortiço, publicado em 1890, pouco antes de seu autor desinteressar-se inteiramente pela continuação da carreira.
Neste livro, já não é mais a estória das personagens que interessa tanto. Mais do que elas, salienta-se a rivalidade entre o espaço de João Romão e o do comendador Miranda, a simbolizarem todo um processo de transformação econômica em momento de expansão urbana.
João Romão, um ganancioso comerciante de origem portuguesa, possui uma pedreira, uma taverna e um terreno razoável, onde