O cortiço
Os romances naturalistas destacam-se pela abordagem extremamente aberta do sexo e pelo uso da linguagem falada. O resultado é um diálogo vivo e extraordinariamente verdadeiro, que na época foi considerado até chocante de tão inovador. Ao ler uma obra naturalista, tem-se a impressão de se estar a ler uma obra contemporânea, que acabou de ser escrita. Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é um mero produto da hereditariedade e o seu comportamento é fruto do meio em que vive e sobre o qual age. A perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, que acreditavam ser a Selecção Natural impulsionadora da transformação das espécies. Assim, predomina nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a violência, o erotismo como elementos que compõem a personalidade humana.
Ao lado de Darwin, Hippolyte Taine e Auguste Comte influenciaram de modo definitivo a estética naturalista. Os autores naturalistas criavam narradores omniscientes e impassíveis para dar apoio à teoria na qual acreditavam. Exploravam temas como a homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio que leva à loucura, criando personagens que eram dominados pelos seus instintos e desejos, pois viam no comportamento do ser humano traços da sua natureza animal.
No Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por Aluísio Azevedo com a obra O mulato, publicado em 1881. Esta marcou o início do Naturalismo brasileiro e a obra O cortiço, também de sua autoria, marcou essa tendência.
Émile Zola
Émile Zola, grande precursor do Naturalismo.
O francês Émile Zola foi o idealizador do naturalismo. O romance experimental (1880) é considerado o manifesto literário do movimento. As leituras de Zola sobre a teoria evolucionista de Darwin (a Origem das espécies foi publicada em 1859), A filosofia da arte (1865), "um grande estudo fisiológico e psicológico". O que Claude Bernard tinha desvendado no corpo humano, Zola iria desvendar na sociedade. A