O cortiço, Cortiços e o Rio de Janeiro
O autor de Cortiços, Sidney Challoub começa narrando os motivos que levaram as autoridades a interditar e a demolir um célebre cortiço chamado Cabeça de Porco que se localizava no centro urbano carioca, provavelmente com quatrocentos ou duas mil pessoas.
Um dos problemas percebidos pelas autoridades no período da república era o crescimento desordenado da população, devido o êxodo dos escravos para a cidade após a abolição, como também a vinda dos estrangeiros para o Rio de Janeiro o que gerava problemas de moradia, falta de água, saneamento e higiene, causa de surtos de epidemias como a febre amarela, tuberculose, malária e varíola.
E, com o argumento desta falta de saneamento, higiene e das epidemias, a Intendência Municipal envia intimação para a desapropriação dos moradores aos donos do cortiço, pois foi considerada uma habitação insalubre, sendo interditado pela Inspetoria Geral de higiene e deveria ser demolido. Porém, a intimação foi ignorada pelos moradores que resistiram sair de suas casas, o que precisou das autoridades utilizar-se da força para expulsá-los.
O Cabeça de Porco, assim como os outros cortiços, eram considerados pelas autoridades como o mundo de imundícia, o “valhacouto de desordeiros”; por esta consideração a classe pobre era sinônimo de classe perigosa e esse “problema social” na cidade urbana era uma das justificativas de intervenções violentas no cotidiano do cortiço, por parte das autoridades.
Os negros libertos, os estrangeiros, assim como os trabalhadores que não conseguiam acumular bens, que viviam na pobreza, tornam-se suspeitos de não serem um bom trabalhador e que sendo pobres e/ou os ociosos carregam vícios e que estes vícios produzem malfeitores e esses são perigosos à sociedade e isso faz com que a polícia aja a partir do pressuposto da suspeição generalizada.
Na época da república os trabalhadores que não tinham uma ocupação definida, como