quatro tempos sobre racismo
“A primeira cena que presenciei foi ainda muito cedo, acredito que tinha por volta de 12 anos. Eu, meu irmão e um amigo. Saímos de casa com trajes para uma partida de futebol na quadra de uma escola. Para chegar até lá, tínhamos de ir até a outra ponta da favela. No meio do caminho, nos deparamos com quatro policias que apontavam suas armas em direção a cada beco e viela. Quando eles nos viram, falaram baixinho para pararmos. Assutados, congelamos. Um policial pediu para meu irmão e eu, que temos o tom de pele mais claro, sairmos e seguraram nosso amigo, que foi agredido física e verbalmente.” *Depoimento do jornalista da revista Carta Capital Joseh Silva. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/blogs/speriferia/aranha-e-o-mito-de-que-nao-haracismo-no-brasil-4850.html “Na época em que tinha 13 anos, meu pai era gari da Comlurb, e eu vendia picolé, refrigerante e salgado em todas as praias do Rio de Janeiro com a minha mãe. No bairro de Sulacap, onde eu morava na época, só duas pessoas tinham uma condição financeira muito boa. Uma delas era um marinheiro branco. Eu era apaixonado pela filha dele e ela por mim. Como eu era pretinho, pobre e jogava no Madureira, a gente namorava escondido. No entanto, o pai dela acabou descobrindo. Numa sexta-feira, eu estava jogando baralho na rua com os meus amigos quando ele chegou e disse na minha cara e na frente de todo mundo que a sua filha não namorava nem preto nem pobre. Meus amigos ficaram revoltados, e eu comecei a chorar.”
*Depoimento
do
jogador
de
futebol
Marcelinho
Carioca.
Disponível
em:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2014/05/historia-passos-lentos-boleirosrecordam-casos-de-racismo-no-brasil.html
“Uma vez, em Salvador, entrei em uma loja de grife, que tinha três atendentes. Por muito tempo elas ficaram me olhando e não vieram me atender. Quando passou um torcedor e me reconheceu, viram que eu era famoso, aí mudou