Cidade Febril

No primeiro capítulo do livro Cidade Febril podemos encontrar a narrativa da demolição do “Cabeça de Porco”, um cortiço já abandonado e que não se imaginava a quantidade de pessoas que ainda viviam lá. Esse cortiço já havia sido interditado há um ano, pela falta de higiene e para que não aumentasse os riscos de doenças, como havia moradores no local, o prefeito do Rio de Janeiro decidiu derrubar o cortiço, mas não houve tempo para que as pessoas se retirassem, algumas conseguiram levar seus colchões, outras nem tempo tiveram pois, se recusavam a sair e só saíram depois que o teto já estava caindo sobre elas. As pessoas que viviam no cortiço não recebiam nenhum tipo de apoio do poder público.
Essa ação foi bem vista pela imprensa, que noticiou como se o prefeito que acompanhou todo movimento de perto fosse um herói da mitologia grega.
O prefeito deixou que essas pessoas levassem alguns pedaços de madeiras, então sem ter para onde ir se alojaram num morro próximo ao cortiço. Algum tempo depois os soldados de Canudos também se alojaram nesse morro, que ficou conhecido como Morro da Favela.
O capitulo mostra a violência das autoridades em intervenções urbanas que é vista até os dias de hoje, mostrando a associação que as autoridades criaram entre as classes pobres e classes perigosas.
Esse conceito de classes perigosas foi sugerido pela escritora Mary Carpenter, a quem ela referenciava que através de atos ilícitos conseguiam sobreviver. Mas foi adaptado durante Império do Brasil e após a abolição da escravatura, que passou a usa-lo para as pessoas pobres, para explicar que as pessoas estão nessa condição devido à falta de vontade de obter algo e dos vícios, assim o conceito de classes perigosas se arrastou as pessoas pobres.
A pessoa pobre é considerada como criminoso em potencial, no Brasil, todo cidadão e suspeito até que se prove ao contrário, nesse contexto o negro era principal suspeito, já que ele pertencia as classes pobres, após a abolição, ainda mais porque