O conto e o romance e suas singularidades
Durante muitos séculos a poesia e o romance foram as principais estruturas literárias utilizadas, o último proveniente de muitas subdivisões e alterações com o passar dos séculos. Grandes nomes da literatura mundial como Flaubert, Goethe e Miguel de Cervantes imortalizaram-se através de romances que posteriormente foram denominadas obras canônicas. Entretanto, o gênero ‘romance’ que usaremos para comparar ao conto será o do início do século XVIII. Devido à ascensão da burguesia durante esse século, o anseio por cultura e sobre tudo prestígio pessoal fez com que a ruptura com padrões eruditos presente no romance do século XVII entrasse em cena. A adequação da literatura deu-se inicialmente para o acesso dos que tinham poder aquisitivo na época. Os romances de estética clássica passaram a perder sua rigidez e sua singularidade, o público menosprezava heróis fabulosos e almejava realidade e verossimilhança. Denominaremos este novo modelo de ‘romance moderno’. Ao longo do século XVIII e XIX, romances como “Fausto”, “As viagens de Gulliver”, “Oliver Twist” e “Madame Bovary” ganharam o gosto do público da época por sua facilidade de leitura, e abordagem de temas do cotidiano europeu. Porém, ainda no século XIX, também devido à ascensão burguesa e a expansão de imprensa que permitiu a publicação dos textos, o conto teve seu desenvolvimento e reconhecimento mundial. Menor, porém tão complexo quanto o romance, definir o conto não é tão fácil quanto parece. Segundo o escritor e contista Júlio Cortázar, o conto é "um gênero de difícil definição, esquivo nos seus múltiplos e antagônicos aspectos". Por meio de narrativa curta e poucos personagens o conto busca de forma concisa retratar a realidade, sempre dando importância aos fatos em si. Embora teorizar o conto seja uma tarefa dificílima, Nadia Gotlib resume de forma bem concisa.
No conto devemos conseguir com o mínimo de meios o máximo de efeitos. E