O conhecimento
CAPÍTULO I
O conhecimento: significado, processo e apropriação
No cotidiano, o conhecimento parece ser alguma coisa tão corriqueira que nós não nos perguntamos pelo que ele é, pelo seu processo, pela sua origem, pela sua forma de apropriação. Aos poucos, ao longo de nossa infância, adolescência, juventude, vamos adquirindo entendimentos das coisas que compõem o mundo que nos cerca, das relações com as pessoas, das normas morais e sociais que regem as relações entre o~ seres humanos. Nós, por isso, nos acostumamos a esses entendimentos, a partir do momento em que fomos adquirindo-os espontaneamente. Com eles e a partir deles, conversamos, discutimos, temos certezas e dúvidas, formulamos juízos. Contudo, quase nunca, exceção feita aos especialistas, nos perguntamos sobre o que é o conhecimento, seu significado, origem. Habituamo-nos a utilizar o entendimento, por isso não o problematizamos. Aqui, ao introduzirmo-nos no âmbito da filosofia como uma forma de conhecimento, bem cabem tais perguntas. Não podemos, de forma alguma, adentrar no seio da reflexão filosófica, que é uma reflexão crítica, sem nos questionarmos sobre esses elementos. Se a filosofia é uma forma de conhecimento, como veremos à frente, cabe, em primeiro lugar, saber consciente e criticamente o que ele é. É este o objetivo deste texto. Vamos tentar estabelecer uma forma de entendimento sobre o conhecimento que abranja os elementos acima indicados. Começamos pelo seu conceito, passando, sucessivamente, por seu processo, sua origem, até chegar à questão de sua apropriação. 1. Uma aproximação conceitual do conhecimento
A pergunta para a qual vamos tentar dar uma resposta é: o que é o conhecimento? Toda vez que perguntamos a alguém o que ele entende por conhecimento, a primeira resposta que normalmente recebemos é a seguinte: conhecimento é aquilo 2
que aprendemos nos livros"; ou então: "conhecimento é aquilo que aprendemos com nossos professores, com nossos