O conflito de gerações
Empresas enfrentam o desafio de conciliar o conservadorismo de executivos veteranos com a ousadia de jovens talentos. Pegue a geração de executivos que cresceu no pós-guerra e que teve a formação permeada pela hierarquia e pelo desconhecimento do significado do verbo questionar. Depois, junte um grupo de profissionais nascidos entre as décadas de 60 e 80 que, por sua vez, via na contestação a melhor forma de se manifestar. A seguir, acrescente os jovens dos anos 80, criados sob a ótica do videogame - eles valorizam a agilidade e a habilidade para superar fases e alcançar o prêmio final, seja ele qual for. Misture tudo isso e leve para dentro de uma empresa. Você certamente terá um conflito de ideias e visões de mundo que pode afetar o funcionamento de uma corporação. "Se antes o modelo organizacional era baseado na rigidez hierárquica, hoje os jovens têm mais dificuldade de reconhecer uma liderança e isso pode ser prejudicial para todos", diz Gilberto Guimarães, diretor-geral da BPI do Brasil, consultoria francesa especializada em gestão de carreiras. "Os jovens têm muita pressa para crescer e, como num jogo de videogame, às vezes só falta perguntar qual é o monstro que precisam matar para ser promovidos", afirma Maíra Habimorad, diretora de desenvolvimento da consultoria Companhia de Talentos. Pesquisa com 26 mil brasileiros mostra que, ao contrário dos executivos da velha geração, os novatos não pretendem ficar muito tempo na mesma empresa O desafio das empresas é evitar que o embate geracional contamine os negócios. Para a consultora Maíra, ao detectar esse tipo de conflito, a companhia não pode cair na tentação de dizer quem está certo ou errado. "Na verdade, o ideal é conciliar pessoas com formações completamente diferentes e extrair o que cada uma tem de melhor a oferecer, sem anular habilidades nem gerar frustrações", diz ela. Quanto aos jovens, é preciso baixar a elevada expectativa de quem ingressa numa empresa