O cinema e a invenção da vida
Ana Cunha
Prof.: Isabella Perrotta
O Cinema e a Invenção da Vida Moderna
Cap. 11 – O espectador cinematográfico antes do aparto do cinema: o gosto do público pela realidade na Paris fim-de-século.
Vanessa R. Schwartz
O capítulo começa com a seguinte citação, “Nenhum povo do mundo aprecia tanto os divertimentos – ou distrations como eles chamam – quanto os parisienses (...)”. No último terço do século XIX, Paris havia se transformado no centro europeu da indústria do entretenimento. A vida real era vivenciada como um show, ao mesmo tempo em que os shows se tornavam cada vez mais parecidos com a vida real.
No fim do século XIX, o necrotério de Paris, os museus de cera e os panoramas, eram considerados como três terrenos de prazer popular na França.
O necrotério de Paris
Listado em praticamente todos os guias da cidade, o necrotério construído em 1864 no centro de Paris, atrás da catedral de Notre Dame, onde hoje se encontra o Mémorial à la déportation, atraía tantos visitantes regulares quanto multidões em dias mais movimentados, quando algum crime circulava pela imprensa popular. Visitantes curiosos chegavam a fazer fila na calçada esperando para ver a vítima.
O necrotério era celebrado como um teatro público, acessível a todos. Aberto sete dias por semana, do amanhecer ao anoitecer, a exibição de corpos mortos sempre estava ali disponível ao público. Apesar de que, seu principal objetivo era servir como depósito para o morto anônimo, cuja identidade pudesse ser descoberta por meio dessa exibição pública.
A “era dourada da imprensa”, foi o nome dado ao final do século XIX na França, quando os jornais substituíram a opinião, pela chamada verdade. Na imprensa, a vida política deu lugar à notícias sobre inaugurações teatrais, corridas de cavalo e eventos de caridade, mas foram as reportagens de acidentes horríveis e crimes sensacionais, que encheram as colunas e os cofres. Textos sobre o necrotério apareciam com